Saturday, March 14, 2015

A INEZITA BARROSO



Inezita,
Cabocla brasileira,
Antiga Zitinha que brincava nas ruas da Barra Funda
De outros tempos,
Naquela São Paulo “calma e serena,
Que era pequena mas grande demais”,
E que a cavalo ou de carro de boi percorria os cafezais,
Os verdes cafezais em flor do Sertões Paulistas,
“Que os anos não trazem mais”,
Como o velho lampião de gás,
Que ainda brilha na memória de alguns
E nos sonhos de outros,
Como eu,
Em cujo coração ainda palpita e vive
Aquela bela São Paulo d’outrora,
Com sua garoa “fria, fininha”, suas névoas,
Seus bondes e seus lampiões de gás.
Nesta São Paulo d’antanho, vejo meu avô paterno menino,
Brincando na casa da nonna,
Ao lado do “sabugueiro grande e cheiroso,
Lá no quintal da Rua da Graça”,
E minha avó paterna,
Nascida, como tu, em março de 1925,
E tua colega no Colégio Caetano de Campos,
A ver, na aurora de sua vida,
Um dos últimos acendedores de lampiões
Acender um dos últimos lampiões de gás
Da garoenta e brumosa Metrópole Bandeirante
Daqueles tempos que não voltam mais,
Enquanto nos Sertões Mineiros,
No Alto São Francisco,
Meu avô materno,
Futuro boiadeiro,
Tocava, na viola, suas primeiras modas,
Como tu nas fazendas de seus familiares,
No Interior Paulista,
Onde te vejo menina
A tocar e a cantar tua moda predileta,
“Boi Amarelinho”,
Do imortal Raul Torres,
Amigo e colega de teu pai na Estrada de Ferro Sorocabana,
Assim como te vejo, também menina,
A cantar, feito um anjo, no coro da bela Igreja de São Geraldo,
No Largo Padre Péricles, mais conhecido como Largo das Perdizes,
Naquela velha São Paulo da bruma e da garoa,
“Que os anos não trazem mais”.

Inezita,
Rainha e Estrela-Guia da autêntica Música Sertaneja
E grande dama do Folclore, da Cultura e da Tradição Nacional,
Orgulho da Terra Paulista e de todo o nosso Brasil,
De todo o nosso Brasil Profundo, Tradicional, Verdadeiro e Autêntico
Que tanto amaste e de que foste admirável defensora e intérprete,
Ó grande sertanista, desbravadora
De Sertões e de Mundos
Do Folclore e da Música de Raiz,
Hoje, rondando a cidade numa noite triste,
Bebo a “marvada pinga” da saudade,
Não para esquecer, mas sim para lembrar
De tudo o que fizeste pela Música, pelo Folclore
E pela autêntica Cultura Brasileira,
Ó glória da Cidade e da Terra Bandeirante
E de todos os Brasis Profundos,
Ó nobre e imortal guerreira da Brasilidade,
Guardiã do Mundo da Tradição Brasileira
E dos Sertões fortes como seus filhos,
Radiosa Estrela da Manhã,
Gigantesco Lampião de Gás,
Que tantas saudades nos traz,
Mas cuja luz ainda brilha e brilhará sempre,
Como o Luar do Sertão,
Enquanto houver Sertão
E enquanto houver Brasil,
Alumiando as veredas da nossa Música,
Do nosso Folclore, da nossa Cultura e da Nossa Tradição,
Por Cristo Rei e pela nossa Grande Nação!


Victor Emanuel Vilela Barbuy, São Paulo, 15 de março de 2015.

No comments: