Thursday, October 07, 2010

O Integralismo e o Homem Integral


Por Victor Emanuel Vilela Barbuy

O Integralismo Brasileiro, ou, simplesmente, Integralismo, não é, como preleciona Gustavo Barroso, um partido, mas sim “uma Ação Social, um Movimento de Renovação Nacional em todos os sentidos”, pregando “uma doutrina de renovação política, econômica, financeira, cultural e moral” [1]. No mesmo sentido, ensina Plínio Salgado que:
“O Integralismo não é um partido: é um movimento. É uma atitude nacional. É um despertar de consciências.
É a marcha gloriosa de um Povo” [2].
Não cansamos de repetir, outrossim, que o Integralismo não é um partido, mas sim um Movimento, e um Movimento doutrinário. Mais do que isso, o Integralismo é uma Doutrina, fundamentalmente Cristã e brasileira, inspirada, antes de tudo, nas lições perenes do Evangelho, na Doutrina Social da Igreja e nas tradições nacionais e caracterizada sobretudo pela concepção integral do Universo e do Homem.
O Integralismo não é uma ideologia, mas uma Doutrina, uma vez que se apoia na Tradição, na realidade, no Homem concreto, e não em abstrações surgidas na cabeça de intelectuais sonhadores de utopias. Aliás, como Doutrina essencialmente realista que é, o Integralismo condena todas as utopias e tem plena consciência de que não se pode construir o Paraíso na Terra. Em uma palavra, o Integralismo é uma Doutrina realista para o Homem, a Sociedade e a Nação reais.
O Integralismo não deseja o Nacionalismo fraco, resumido ao culto à Bandeira e ao Hino Nacional, nem tampouco o Nacionalismo exacerbado, xenofóbico e agressivo. Considerando estas duas posições como meras modalidades do falso Nacionalismo, o Integralismo defende um Nacionalismo justo, sadio, forte, lúcido, equilibrado, edificador e vivificador, alicerçado na Tradição e tendente ao Universalismo.
Do mesmo modo, não deseja o Integralismo o Estado fraco do liberalismo nem tampouco o Estado Totalitário, mas sim o Estado Integral, que é o Estado Ético, transcendido pela Ética e movido por um ideal ético, não sendo um princípio e nem um fim, mas tão somente um meio, um instrumento a serviço da Pessoa Humana e do Bem Comum.
Como sublinha Plínio Salgado, no discurso intitulado Cristo e o Estado Integral e proferido a 12 de junho de 1937, durante a sessão soleníssima das Cortes do Sigma, no Rio de Janeiro, o Estado Integral é essencialmente “o Estado que vem de Cristo, inspira-se em Cristo, age por Cristo e vai para Cristo” [3].
O Estado Integral é essencialmente revolucionário. Renovando-se sempre, é ele a Revolução Permanente em marcha. Com efeito, a própria Doutrina Integralista é essencialmente revolucionária. Conciliando Tradição e Renovação, Conservação dos valores perenes e Progresso, a Revolução Integralista nada tem que ver, é claro, com o processo antitradicional iniciado com a chamada “Reforma” e o chamado “Renascimento” e que tem como marcos a “Revolução” (anti)Francesa, a “Revolução” (anti)Russa e o Maio de 1968 em Paris. É, antes, a Revolução no sentido tradicional do vocábulo, que corresponde ao sentido astronômico do mesmo e que definimos como sendo uma mudança de atitude em face da realidade e dos problemas, uma transmutação integral de valores no sentido de destruir os valores passageiros da antitradição e de restaurar os valores perenes da Tradição, uma revolta do Espírito da Nobreza contra o Espírito da Burguesia, dos arautos e paladinos do Império de Ariel contra as hordas do Império de Calibã. Em uma palavra, fazemos nossas as palavras de António Sardinha, principal doutrinador do Integralismo Lusitano, quando este afirma:
“Como homens de tradição, somos assim renovadores e, como tal, revolucionários” [4].
O objetivo do Integralismo não é, pois, a reforma e muito menos a conservação da ordem ora vigente, mas sim a Revolução que edificará uma Ordem Nova, restaurando o Primado do Espírito e reconduzindo o Brasil às bases morais de sua formação.
Enganam-se redondamente aqueles que pensam que somos os cães de guarda da burguesia e do capitalismo. Ao contrário, somos violentamente antiburgueses e anticapitalistas, inimigos figadais do Espírito Burguês e do Império de Mamon. Isto posto, cumpre assinalar que o capitalismo não é o regime da propriedade privada e da livre iniciativa, que defendemos e que já existem desde os primórdios da Humanidade, muito antes, portanto, do nascimento do capitalismo, que somente se deu durante a denominada Idade Moderna. O capitalismo é, em verdade, o sistema econômico no qual o sujeito da Economia é o Capital, sendo considerado o acréscimo indefinido deste o objetivo final e único de toda a produção.
Primeiro “movimento de massas” do Brasil, o Integralismo, que representa, na expressão de Gerardo Mello Mourão, o “mais fascinante grupo da inteligência do País” [5], é, antes e acima de tudo, uma escola de Moralidade, Civismo, Patriotismo e Nacionalismo, bem como radiante foco de irradiação, inexpugnável cidadela e vigilante atalaia do Brasil Profundo, Autêntico e Verdadeiro.
O lema do Integralismo é “Deus, Pátria e Família”; sua saudação é o “Anauê!”, de origem indígena e significado incerto [6], e seu símbolo é a letra grega Sigma maiúscula, escolhida por Leibniz para indicar a soma dos infinitamente pequenos, além de ter sido o símbolo pelo qual os primeiros cristãos gregos indicavam Deus e que servia de sinal de reconhecimento, uma vez que a palavra SOTEROS, ou SALVADOR, principia por um Sigma e termina por um Sigma. Por derradeiro, o Sigma é a letra que designa a Estrela Polar do Hemisfério Sul, onde está situado o Brasil. O Sigma, símbolo do Integralismo, está, portanto, presente na ciência, na Tradição religiosa da Cristandade e nas próprias estrelas de nosso firmamento [7].
A Doutrina Integralista, exposta, desde 1932, em diversos manifestos doutrinários e programáticos, livros, discursos e artigos publicados em jornais, revistas, boletins e, de alguns anos para cá, também em diversas páginas da rede mundial de computadores, está sintetizada – e de forma magistral – já no seu documento inaugural, o denominado Manifesto de Outubro, divulgado em São Paulo aos sete dias do mês de outubro do referido ano.
O Manifesto de Outubro, da lavra do grande escritor, jornalista e pensador patrício Plínio Salgado, criador e principal doutrinador do Integralismo Brasileiro, defende, em suma, a concepção integral do Universo e do Homem; a Democracia Orgânica; a Família, cellula mater da Sociedade; o Município, cellula mater da Nação; o Princípio de Autoridade; a Harmonia e a Justiça Social; o Nacionalismo sadio e construtivo e a ideia do Estado Ético-Integral. Ao mesmo tempo, condena o materialismo e o Espírito Burguês em todas as suas faces.
Plínio Salgado, Chefe Perpétuo da Revolução Integralista e, portanto, Eterno Líder do grande, nobre e belo Movimento de Renovação Social e Nacional a que denominamos Integralismo, preleciona que “o Integralista é o soldado de Deus e da Pátria, homem-novo do Brasil, que vai construir uma grande Nação” [8].
A Doutrina Integralista é uma formadora, educadora integral de homens de pensamento e de ação conscientes de sua missão e da missão que Deus deu ao Brasil, como herdeiro e continuador de Portugal, de dilatar a Fé e o Império.
Não há que se falar em Educação Integral do Homem sem antes se falar em Fé, Autoridade, Disciplina, Hierarquia e Obediência. O Homem Integral é, com efeito, um Homem de profunda fé religiosa, obediente, disciplinado, respeitador da Autoridade e da Hierarquia. É, além disso, um Homem profundamente honesto, bom e heroico, disposto mesmo aos maiores sacrifícios em prol de Deus, da Pátria e da Família. Aliás, como salienta Gustavo Barroso, a Revolução Integralista é a “regeneração pela disciplina, pela bondade, pelo sacrifício e pelo heroísmo” [9].
O Homem Integral é o Homem que venceu o ceticismo, a descrença, o comodismo, a covardia física e mental, o apego aos prazeres e aos bens materiais.
O Homem Integral é, ademais, o Homem que tem plena consciência de que deve buscar a santidade, uma vez que aquele que não luta para ser santo, para ser perfeito, não tem moral para lutar por Cristo ou por uma Sociedade mais justa, não podendo ser, pois, uma pedra viva do Novo Império, da Nova Civilização, da Nova Humanidade, da Idade Nova em cujo limiar nos encontramos.
O Homem Integral é, enfim, o Homem que venceu o burguês que havia dentro de si, o Homem em quem o Espírito da Nobreza triunfou sobre o Espírito da Burguesia, em quem Ariel derrotou Calibã.
São estes os ideais do Integralismo, Doutrina dos séculos XX e XXI, que os falsos profetas adeptos das ideologias dos séculos XVIII e XIX não cansam de combater por todos os métodos possíveis, incluindo os mais escusos, conscientes que estão da ameaça que a Doutrina Integralista, profundamente realista, representa para suas utopias. Neste dia 07 de Outubro de 2010, quando celebramos os setenta e oito anos do lançamento do Manifesto de Outubro, rogamos a Deus que todos os patriotas sinceros enganados por tais ideologias despertem de seu sono e de seu sonho, percebendo que estão cultuando deuses mortos há muito tempo, carregando cadáveres já putrefatos desde que o Mundo deixou para trás a era do lampião de gás, do tear mecânico e do motor a vapor. Que todos eles se levantem e, em torno da Bandeira Azul e Branca do Sigma, lutem conosco, ombro a ombro, por um Brasil Maior e Melhor.
No prefácio ao livro Filosofia, Pedagogia, Religião, do pensador, engenheiro, sociólogo, historiador, educador e doutrinador Católico e Integralista Lúcio José dos Santos, o historiador Afonso de Escragnolle Taunay, demonstrando profunda admiração pelo Integralismo, observa que o autor de A Incofidência Mineira mostra quanto, “acima de tudo, correram-lhe os dias empolgados pelo dever integral”. “Seu lema inflexível”, prossegue Taunay, “filia-se à tríade, grandiosa como nenhuma outra, do Deus, Pátria, Família” [10]. Peçamos, pois, a Deus, para que corram os nossos dias empolgados pelo dever integral e para que nos mantenhamos sempre filiados à tríade, de grandiosidade ímpar, de “Deus, Pátria e Família”.
Pelo Bem do Brasil!
Anauê!

Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira, São Paulo, 07 de Outubro de 2010-LXXVIII.

[1] BARROSO, Gustavo. O que o Integralista deve saber. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S/A, 1937, pp. 9-10.
[2] SALGADO, Plínio. O que é o Integralismo. 4ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. IX. São Paulo: Editora das Américas, 1957, p. 77.
[3] Idem. O Integralismo perante a Nação. 3ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. IX. São Paulo: Editora das Américas, 1957, p. 200.
[4] SARDINHA, António. A Teoria das Cortes Gerais. 2ª ed. Lisboa: qp, 1975, p.283.
[5] MOURÃO, Gerardo Mello. Entrevista concedida ao Diário do Nordeste. Disponível em:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=414001. Acesso em 20/03/2010.
[6] BARROSO, Gustavo. O que o Integralista deve saber, cit., p. 149; CASCUDO, Luís da Câmara. Que quer dizer “anauê”? In Anauê!, ano II, n° 12, Rio de Janeiro, setembro de 1936, p. 29. Também disponível em: http://espacoculturalcamaracascudo.blogspot.com/2007/06/que-quer-dizer-anau.html. Acesso em 06 de de outubro de 2010.
[7] Cf. BARROSO, Gustavo. O que o Integralista deve saber, cit., p. 147.
[8] Citamos de memória.
[9] BARROSO, Gustavo. Espírito do século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S/A, 1936, p. 38.
[10] TAUNAY, Afonso de E. Algumas palavras. In SANTOS, Lúcio José dos. Filosofia, Pedagogia, Religião. São Paulo: Comp. Melhoramentos, 1936, p. 7.

1 comment:

Theoton Simeano said...
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